Ex-modelo e recordista de apneia estreia programa na TV

Flavia mergulha só com a máscara e nadadeiras (Foto: Divulgação)

 


Nascida em Criciúma, Santa Catarina, Flavia Eberhard, de 39 anos, mudou-se para Florianópolis com apenas um ano. Foi nas praias de Floripa que a modelo e praticante de apneia (modalidade de mergulho em que não se usa aparelhos de oxigênio) se apaixonou pelo mar. Quando pequena, rejeitou os estereótipos femininos e gostava mesmo de se aventurar no bodyboard, wind surf, skate.


“Tenho um irmão mais velho e meus melhores amigos sempre foram meninos. Eu nunca tive boneca, gostava de descer ladeira de carrinho de rolemã”. Aos 17 anos, Flavia começou a trabalhar como modelo, o que depois acabou abrindo ainda mais portas para que a natureza fosse seu verdadeiro destino. “A apneia mudou toda a minha vida. Um dia estava trabalhando em Londres e no outro, no Egito, com um foco completamente diferente.”


Na próxima sexta-feira, dia 3, Flavia estreia no Canal Off o programa “Apneia”, sobre a prática. Ela é a atual recordista sul-americana de apneia, título conquistado em 2012, e consegue permanecer até 6 minutos debaixo d’água.


Vida de modelo
A escola mal tinha acabado quando a agência de modelos Ford Models passou por Santa Catarina fazendo competições para recrutar novas modelos. “Conheci um dos bookers que me disse que eu tinha que participar. Mas, não estava muito afim. Fiz sem contar para ninguém. Acabei ganhando a etapa e fui chamada para ir para São Paulo competir nacionalmente. Eu era meio tomboy, curtia moda, mas era rebelde. Nunca tinha tido experiência como modelo”.


A mergulhadora partiu para São Paulo para trabalhar. Depois disso, vieram novos destinos: Japão, Alemanha, Paris. Mas foi em Londres que Flavia decidiu morar por um tempo, onde viveu por 10 anos. “Lá é muito interessante, é uma cidade cosmopolita, inovadora e inspiradora. No começo foi difícil me adaptar por causa do clima, a falta de sol e as horas de luz por dia eram complicadas, mas depois Londres te dá tantas outras coisas e você cresce muito. Me apaixonei pela cidade”.


Mesmo assim, a conexão com o mar não passava despercebida e, entre viagens de trabalho, a brasileira pedia alguns dias de folga para mergulhar. “Ia para a África do Sul e tentava ficar mais uns dias e mergulhar. Era sempre assim. Ou ia para viagens, nas férias, que eram inteiras em alto mar. Com mergulho de garrafa [com cilindro de oxigênio] eu fazia fotografia submarina, só por hobby mesmo.”

A brasileira viaja para diferentes lugares no mundo em busca de novas experiências (Foto: Divulgação)A brasileira viaja para diferentes lugares no mundo em busca de novas experiências (Foto: Divulgação)

 



A paixão por apneia
Foi numa viagem para Bahamas que Flavia conheceu a apneia. “Tínhamos ido para mergulhar com tubarões tigre e martelo, mas o dia estava péssimo e tivemos que mergulhar só com golfinhos. O problema é que eles não curtem as bolhas que os cilindros fazem e não chegam muito perto de você, então fomos sem respirar mesmo ou usando snorkel e eu não ficava muito tempo debaixo de água. Comecei a me sentir frustrada por não conseguir aproveitar aquele momento”. Bastou voltar para Londres para a catarinense procurar aulas de apneia.


“Nem sabia que tinha curso específico para isso. Mas em cidades vizinhas, tinha. Era a última semana para fazer. Estava muito frio, era outubro. Onde fiz, as águas eram muito escuras, era um lago artificial, foi ali que tentei a primeira vez.” No primeiro mergulho, a prática parece mais difícil do que realmente é, além de assustar logo de cara. “Eu pensava: por que me meti nisso? Até que no fim do curso me senti apaixonada, queria aprender tudo. Essa relação de estar na água, de sair da sua zona de conforto… A apneia me fez ficar curiosa pela forma como você acha que pode fazer as coisas, mas por fim, consegue se superar e acreditar em si mesmo cada vez mais”. Então, a catarinense saiu de Londres e embarcou para o Egito, onde teve maior acesso ao esporte.

Ela consegue ficar até 6 minutos ininterruptos submersa (Foto: Divulgação)Ela consegue ficar até 6 minutos ininterruptos submersa (Foto: Divulgação)

 



Debaixo d’água
São várias as modalidades para o mergulho em apneia. Flavia começou treinando o estático, em que a pessoa fica parada submersa. Atualmente, a brasileira faz mergulhos de profundidade em imersão livre, com uma corda que a conduz até lá embaixo. O começo da descida exige força até que a água não pareça tão pesada e te empurre para baixo.


“Parece uma queda livre, você pega velocidade e é muito gostoso. Entramos num momento que parece meditação. Depois, quando você chega lá embaixo, é hora de acordar e você precisa juntar sua energia, focar e voltar. Não pode pensar na superfície, tem que subir com calma. Por isso a apneia tem muito a ver com meditação, o seu foco é o tempo presente.”


As práticas de yoga, que já existiam na vida de Flavia antes mesmo da apneia, ajudaram para que ela conseguisse controlar seu corpo fisicamente e psicologicamente. “O aprendizado da conexão com a respiração, que é utilizar a respiração para centrar no momento presente, como fazemos na yoga e na meditação, é muito importante para a prática. A mentalização e os relaxamentos também ajudam muito.”


O cérebro, por exemplo, é o que mais precisa de oxigênio e a meditação auxilia na hora do relaxamento, porque controlando melhor o corpo a pessoa consiga ir avançar mais na prática. O objetivo, de acordo com Flavia, é pensar o menos possível. “Tentamos calar a voz que tem dentro de nós.”

Programa na TV
No próximo dia 3, Flavia estreia “Apneia” no Canal Off. Durante as gravações, a brasileira viajou para o Havaí, México, Tonga, Filipinas, Egito. “Tentei achar os lugares mais interessantes e curiosos, encontros com a natureza que fossem os mais especiais e que não tinham sido mostrados ainda”. Por isso, Flavia mergulhou com baleias, tubarões, cardumes de peixes, corais. “A ideia era compartilhar a conexão de mergulhar da forma mais natural possível em lugares perfeitos, eu queria ter encontros marcantes para poder dividir imagens inspiradoras com as pessoas. Fomos de um lugar para outro buscando encontros únicos com os animais e com a natureza. Precisava mostrar esse lado. A apneia tomou conta da minha vida e hoje em dia é tudo que eu faço.” Nesse momento, a brasileira está de férias em Bali, mas já está pensando em novos lugares para uma segunda temporada.


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